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Foto do escritorDaniela de Luna Martins

TUBERCULOSE

Por: Adriel Alves Borges e Daniela de Luna Martins

A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa grave causada por uma

bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis), também conhecida como bacilo de Koch. Esse nome é uma homenagem a Heinrich Hermann Robert Koch (Figura 1), o bacteriologista alemão que descobriu esse microrganismo no século XIX. [1] Entretanto, a infecção também pode ser causada pelo Mycobacterium bovis, M. africanum e M. microti. [2] A doença afeta principalmente os pulmões, mas pode atingir outros órgãos do corpo como rins, meninges e ossos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10 milhões de pessoas no mundo são afetadas pela doença, e aproximadamente 1,5 milhão de pessoas morrem por ano, sendo que a maioria dos casos registrados ocorrem em países subdesenvolvidos ou em regiões pobres de países em desenvolvimento. [3]



Figura 1 - Robert Koch (1841-1910) e M. tuberculosis


Os principais sintomas da TB pulmonar são tosse persistente por mais de duas semanas, podendo conter sangue (hemoptise) ou escarro, sudorese noturna, febre, perda de peso sem causa aparente, fadiga, sensação de falta de ar e dor no peito ao tossir. Dependendo do local acometido, também haverá variação dos sintomas. Contudo, o mal estar, a febre e a perda de peso são comuns nos demais casos. [4] Quando a TB acomete os rins, por exemplo, o doente pode apresentar dor lombar, além de poder aparecer sangue na urina. Já quando atinge o sistema nervoso central (SNC), pode ocorrer meningite, dores de cabeça e confusão mental. [5] A vacina BCG, que está dentro do Programa Nacional de Imunização (PNI), previne os casos de meningite por tuberculose. Nos ossos, por sua vez, a TB causa a compressão dos nervos. As formas exclusivamente não pulmonares não são passíveis de transmissão. [5]


A maior parte dos indivíduos infectados pelo agente causador da tuberculose (TB) não desenvolvem os sintomas, pois as micobactérias sobrevivem no organismo de forma inativa. Todavia, com o enfraquecimento do sistema imunológico, pode haver ativação da micobactéria. Estima-se que cerca de 10% dos infectados desenvolvem a forma ativa e contagiosa em algum momento de suas vidas. [6] Há grupos de pessoas com tuberculose latente, isto é, que não desenvolvem a doença. Há, no entanto, pessoas mais propensas a desenvolverem a tuberculose ativa. São estas: os infectados pelo vírus HIV (Human Imunodeficiency Virus – causador da AIDS ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), devido à interação medicamentosa que existe entre os medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose e do HIV. [7] Além disso, bebês e crianças pequenas, idosos, pessoas com doenças que enfraquecem o sistema imunológico, pessoas que não trataram corretamente a TB no passado, pessoas que foram infectadas com o bacilo de Koch nos últimos 2 anos, transplantados, diabéticos, pessoas mal alimentadas, dentre outras, também são mais propensas a desenvolver tuberculose. [6]


Estudos recentes demonstraram que pacientes acometidos concomitantemente por tuberculose e COVID-19 possuem mais chances de terem desfechos clínicos negativos e 25% menos chance de se recuperarem da COVID-19. Além disso, o risco de morte aumenta em mais de duas vezes nestes casos de coinfecção do que nos pacientes com COVID-19, sem tuberculose associada. Também foi apresentado que indivíduos com sequelas pulmonares causadas pela COVID-19 podem apresentar maior risco de desenvolver tuberculose no futuro. [8, 9]


Ambientes com incidência direta da luz e boa circulação de ar contribuem para diminuir a transmissão, pois o bacilo é sensível à luz do sol e a circulação de ar facilita a dispersão das partículas que contém os agentes transmissores. Conforme o paciente vai sendo tratado, a sua capacidade de contaminar os outros vai diminuindo. Mas, é muito importante que ele esteja consciente e contribua para diminuir contaminações, colocando o braço ou um lenço na boca ao tossir, falar ou espirrar, além de promover a entrada da luz natural e a ventilação dos ambientes. [10]


No Brasil, a tuberculose é uma doença de notificação compulsória e o tratamento é acessível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde recomenda que pessoas com tosse persistente por três semanas ou mais façam uma investigação para tuberculose, procurando a unidade de saúde mais próxima. E, caso o resultado seja positivo, o tratamento deve ser seguido disciplinadamente até o final e deve ser iniciado o mais rápido possível. A tuberculose tem cura, mas, para isso, é necessária disciplina com o tratamento. Caso contrário, o paciente pode desenvolver resistência à terapia.

Em um artigo posterior, vamos explicar mais detalhadamente a questão da resistência, pois ela é um fator bastante complicador. [10] O tratamento da TB dura, no mínimo, seis meses. Os medicamentos de primeira linha (Figura 2) empregados no tratamento inicial são a rifampicida (RIF), a isoniazida (INH), a pirazinamida (PZA) e o etambutol (EMB). Nos casos de resistência aos fármacos de primeira linha ou no tratamento de pessoas que não os tolerem, podem ser empregados os chamados fármacos de segunda linha, que são os aminoglicosídios, como a estreptomicina, a amicacina e a canamicina e as fluoroquinolonas, como o levofloxacino e o moxifloxacino, além de outros fármacos como o ácido 4-aminossalicílico, a tiacetazona e a cicloserina (Figura 3). [11]



Figura 2 - Estruturas químicas de fármacos de 1ª linha usados para tratar a TB



Figura 3 - Estruturas químicas de fármacos de 2ª linha usados para tratar a TB



Referências bibliográficas


[1] Sítio da Secretaria de Saúdeo do Governo do Estado do Paraná. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Tuberculose. Acesso: 09 julho 2021.

[2] Sítio da Fundação Oswaldo Cruz. Tuberculose. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/taxonomia-geral-doencas-relacionadas/tubercuolse. Acesso: 09 julho 2021.

[3] Sítio da World Health Organization. Tuberculosis. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/tuberculosis. Acesso: 09 julho 2021.

[4] Sítio dos Médicos sem Fronteiras. Disponível em: https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/tuberculose?utm_source=adw ords_msf&utm_medium=&utm_campaign=doencas_geral_comunicacao&utm_content=_ex

clusao-saude_brasil_39923&gclid=CjwKCAjwqcKFBhAhEiwAfEr7zWnUfdia8R2PKRj-7JsiJp-Bm vZ-00MPZ3uhnjOI3qZZuF823T8QIhoCV5sQAvD_BwE. Acesso: 09 julho 2021.

[5] Sítio MSD MAnuals. Tuberculose extrapulmonar (TB). Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/micobact%C3%A9rias/tuberculose-extrapulmonar-tb. Acesso: 09 julho 2021.

[6] Sítio do Centers for Disease Control and Prevention. Hystory of World TB Day. Disponível em: https://www.cdc.gov/tb/worldtbday/history.htm#:~:text=On%20March%2024%2C%201882 %2C%20Dr,the%20United%20States%20and%20 Europe. Acesso: 09 julho 2021.

[7] Sítio Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. Recomendações para o manejo da coinfecção TB-HIV em serviços de atenção especializada a pessoas vivendo com HIV/AIDS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/recomendacoes_manejo_coinfeccao_tb_hiv.pdf. Acesso: 09 julho 2021.

[8] K. T. L. Sy, N. J. L. Haw, J. Uy, Previous and active tuberculosis increases risk of death and prolongs recovery in patients with COVID-19. Infect. Dis. 2020, 52, 902. Disponível em: https://doi.org/10.1080/23744235. 2020.1806353.

[9] A. Boulle, M. A. Davies, H. Hussey, M. Ismail, E. Morden, Z. Vundle, et al. Risk factors for COVID-19 death in a population cohort study from the Western Cape Province, South Africa [published online ahead of print, 2020 Aug 29]. Clin. Infect. Dis. 2020, ciaa1198. Disponível em: https://doi.org/10.1101/2020.07.02.20145185.

[10] Sítio do Ministério da Saúde. Tuberculose: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: http://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose. Acesso: 09 julho 2021.

[11] Sítio do MSD Manuals. Medicamentos utilizados para tratar a tuberculose. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/multimedia/table/v21853024_pt#:~:text=Medicamentos%20de%20segunda%20linha%20s%C3%A3o,dos%20medicamentos%20de%20primeira%20linha. Acesso: 09 julho 2021.


Créditos/Links para as figuras utilizadas:


* Mulher tossindo - https://pixabay.com/images/id-4392163/

* Robert Koch - https://educationalresearchtechniques.com/2021/03/19/robert-koch-proving-germ-theory/

* Micobacterium tuberculosis - https://www.microbiologyresearch.org/content/mycobacterium-tuberculosis/w

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3 Comments


Texto muito didático, parabéns a equipe!!!

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Bruno Alves
Bruno Alves
Aug 03, 2021

Ótimo tema. Bem legal mostrar as estruturas químicas dos fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose.

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marianamendoncab
Jul 31, 2021

Muito interessante!

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